Desvio de septo: é necessário cirurgia?

Desvio de septo: é necessário cirurgia?

Em primeiro lugar é preciso explicar o que desvio de septo. O septo nasal é como se fosse um “muro” que divide o nariz em duas partes: a fossa nasal direita e a fossa nasal esquerda, cujas entradas são pelas narinas. O ideal seria que esse septo nasal fosse completamente reto. Porém, por uma infelicidade da natureza, muitas vezes, ele pode ser tortuoso, e quando essa tortuosidade existe (como mostrado na figura abaixo), dizemos que temos um “desvio de septo”. Isso é algo extremamente frequente na população. Se formos rigorosos, é rara a pessoa que tem o septo nasal sem nenhum tipo de desvio.

DESVIO-DE-SEPTO-NASAL.jpg

Figura 1: Imagem anatômica de um crânio humano mostrando o desvio de septo nasal.

O septo nasal é formado por uma parte de osso e uma parte de cartilagem (apesar que na figura mostrada aparece apenas a parte óssea), e ambas podem contribuir para o desvio de septo. Há pessoas que tem um desvio apenas da parte de cartilagem, outras da parte óssea, ou das duas.

O desvio de septo acomete mais adolescentes e adultos, sendo mais raro na infância. Na maioria das vezes não há como ter certeza de sua causa. Usualmente esse desvio vai surgindo com o crescimento da pessoa, podendo ter ao que se acredita, pelo menos em alguns casos, uma contribuição genética. Em outras pessoas, por outro lado, a causa pode ser bem clara, como após um traumatismo (geralmente significativo) na região da face.

Existem casos em que o septo nasal pode contribuir, por exemplo, para o surgimento de sinusites recorrentes, ou então de sangramentos nasais, mas o sintoma disparadamente mais importante é a obstrução nasal (“nariz entupido”), que é o que leva a pessoa a procurar auxílio médico na grande maioria das vezes.

O tratamento do desvio de septo é cirúrgico. Não há como “deixar o septo reto” com algum medicamento. Porém, isso não significa que todos que tem desvio de septo vão necessitar de cirurgia. Essa decisão cabe ao médico otorrinolaringologista que vai avaliar, em primeiro lugar, a presença dos sintomas, o quanto que esses sintomas impactam na vida do paciente e também a presença de outros fatores concomitantes que podem levar à queixa de obstrução nasal, como a presença de aumento da adenoide (vide post sobre adenoide) e o aumento dos cornetos nasais, muito comum nas rinites. É muito comum (e sensato) que o médico prefira inicialmente tentar alguma medicação antes da cirurgia caso existam outros fatores associados como os que acabei de citar. Porém, quando o desvio de septo é muito importante ou quando há falha na tentativa de outros tratamentos, a cirurgia acaba sendo necessária para alívio do sintoma do paciente.