09 fev Zumbido e qualidade do sono. Por que devo me preocupar?
Como já comentado aqui no blog em outro post, as causas (ou fatores agravantes) de zumbido são muitas e é muito comum que mais de uma delas esteja presente no mesmo paciente.
Uma das questões mais relacionadas à presença de zumbido é a qualidade do sono. Mas uma pergunta muito comum é: Durmo mal porque tenho zumbido ou tenho zumbido porque durmo mal?
Na verdade, depende do paciente. Mas as duas proposições podem estar corretas.
Dentre os distúrbios de sono, o mais frequentemente relacionado à presença do zumbido é a insônia, apesar de que outros distúrbios como, por exemplo, a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono e alterações do ritmo circadiano também pode estar envolvidas com a queixa de zumbido.
A insônia é algo muito frequente na população, mas é ainda mais comum em pacientes com zumbido.
Numa primeira situação, existe aquele paciente com insônia já antes do surgimento do zumbido. É sabido que alterações no sono como a insônia, seja ela uma insônia inicial (aquela para iniciar o sono), de manutenção (aquela que acordamos no meio da noite e temos dificuldade em voltar a dormir) e a terminal (aquela que acordamos antes da hora e não dormimos mais até o fim da noite), impactam muito no funcionamento do organismo, gerando alterações neuroendócrinas (da “química cerebral” e dos hormônios). Apesar de que isso não é totalmente comprovado, acredita-se que essas alterações promovidas pela insônia poderiam contribuir para a causa (ou como fator agravante do zumbido).
A outra situação é aquela pessoa que dormia bem até começar a ter zumbido. É muito comum, ainda mais no início da percepção do zumbido, isso gerar um impacto razoável na qualidade de vida do paciente, levando esse muitas vezes a ter dificuldade em iniciar ou manter o sono depois de acordado. De forma semelhante, a percepção do zumbido também gera respostas do organismo a nível cerebral e endócrino, que também pode contribuir com a alteração do sono.
E, infelizmente, essas duas situações podem ocorrer em um mesmo paciente. Não raramente já existe um grau de insônia que é piorada pela presença do zumbido!
O fato é que, por essa relação muito próxima entre insônia e zumbido, é necessário que o sono do paciente seja sempre avaliado nos pacientes que sofrem com zumbido. Não há dúvidas de que se houver insônia (ou outros distúrbios de sono) essa deve ser tratada, ainda mais se o paciente sofre com zumbido! Isso significa que há benefício para esses pacientes mesmo naqueles casos em que a insônia surgiu após o início do zumbido.
O método de tratamento, claro, deve ser individualizado. A primeira coisa é orientar o paciente sobre medidas de higiene do sono que muitas vezes já é o suficiente para melhora da queixa. Caso não seja suficiente, há casos em que haverá necessidade de outros tipos de tratamento como a terapia cognitiva comportamental, terapias sonoras (muito utilizada em pacientes com zumbido e já comentada aqui no blog) e até mesmo medicações!
Por fim, concluo lembrando que só é possível tratar (bem) de pacientes com zumbido quando vemos o paciente como um todo! E o sono é uma das questões mais importantes a ser lembrada nesses casos.