Vestibulopatia Bilateral

Essa doença do labirinto ocorre quando os dois labirintos começam a funcionar mal, geralmente de forma simultânea, sem uma diferença importante de função entre eles.

 

Ao contrário da maioria das outras doenças do labirinto em que o paciente apresenta tonturas ou vertigens, nessa o paciente se apresenta com instabilidade (ou “desequilíbrio”) para caminhar, muitas vezes com o risco para quedas. Em parte dos pacientes, também vai haver uma oscilopsia ao caminhar ou mexer a cabeça, que é quando se tem a sensação de uma oscilação do campo visual, gerando dificuldade em manter a fixação visual nessas situações.

 

A causa pode ser muito variada, desde medicações ototóxicas (em especial um grupo de antibióticos chamado de aminoglicosídeos, utilizados geralmente para tratar algumas infecções mais graves), doenças infecciosas, imunomediadas, doença de Menière em estágio avançado, por intoxicação, origem genética, origem neurológica, dentre outros. A maioria dos pacientes, mesmo após uma investigação diagnóstica completa, não vai ter uma causa identificada para tal problema. Isso geralmente ocorre de forma lenta e gradual, mas pode, em alguns casos ter um início abrupto, como no caso do uso de medicamentos ototóxicos, em que o paciente vai perceber os sintomas logo após a alta hospitalar.

 

O diagnóstico da doença pode ser bastante desafiador para um médico não especialista já que não costuma se parecer com as doenças mais tradicionais do labirinto. Por esse motivo, é importante a avaliação com médico especialista em otoneurologia que vai suspeitar da situação pela história clínica e pelo exame físico. E por fim, vai solicitar o exame complementar que vai definir o diagnóstico. O exame mais indicado e mais completo para isso é o teste do impulso cefálico por vídeo (conhecido pela sua sigla em inglês vHIT). Mas também é possível utilizar a prova calórica e as provas rotatórias.

 

O tratamento é feito essencialmente com reabilitação vestibular. Medicamentos supressores da função vestibular como o dimenidrinato, meclizina, flunarizina e cinarizina vão apenas piorar a situação, aumentando o risco para quedas. Em alguns casos mais difíceis vão ser necessários alguns dispositivos para auxílio na reabilitação, mas que infelizmente ainda não estão facilmente disponíveis no nosso meio. Já estão em estudo os implantes vestibulares, que futuramente poderão ser indicados para substituir a função dos labirintos nos casos de pacientes sem melhora satisfatória com a reabilitação.