A VPPB é a mais comum doença do labirinto. Pode afetar qualquer pessoa de qualquer idade mas é mais comum em mulheres acima de 50 anos.
Muitos a conhecem como a “labirintite dos cristais” já que ocorre devido a um desprendimento dos cristais de carbonato de cálcio (oficialmente conhecidos como otocônias) que existem naturalmente dentro de uma região do labirinto conhecida como utrículo e que acabam ficando retidos em um ou mais dos canais semicirculares.
Isso faz com que a pessoa comece a sentir vertigens de curta duração apenas em determinados movimentos da cabeça.
Acredita-se que pessoas com enxaqueca, com distúrbio do metabolismo dos carboidratos (ex: diabetes mellitus), com deficiência de vitamina D ou outros distúrbios do labirinto tem uma tendência maior de apresentar a doença ou sua recorrência. Apesar disso, na grande maioria das vezes não se sabe por que motivo isso ocorre, sendo o traumatismo encefálico a causa conhecida mais comum.
Felizmente essa doença é curável. A VPPB é diagnosticada clinicamente por intermédio da identificação do canal semicircular acometido pela avaliação clínica no consultório1. A partir dessa análise pode-se proceder ao tratamento (que pode ser feito até mesmo na mesma consulta) que são as manobras de reposicionamento, que são uma série de movimentos com o corpo e a cabeça feitos com o paciente na maca, que conseguem recolocar os “cristais” de volta ao seu lugar.
Se bem realizadas, as manobras de reposicionamento são relativamente simples de serem feitas com baixo índice de efeitos colaterais (há casos em que o paciente pode apresentar vertigem intensa, náuseas e até vômitos durante a execução da mesma, fazendo com que o profissional tenha que estar preparado para essa eventualidade).
Na prática, porém, o tratamento da VPPB nem sempre é tão simples: existem vários tipos de manobras, cada uma direcionada ao tipo de canal semicircular acometido. Além disso, um mesmo paciente pode ter o azar de apresentar a doença em mais de um canal semicircular simultaneamente. Então é necessário um profissional experiente que saiba executar bem a manobra correta para cada caso.
Na imensa maioria dos casos, fazer a manobra correta por no máximo uma ou duas vezes já resulta na cura da doença. É muito raro que essa seja persistente ou recorra por muitas vezes, o que faz com que tenhamos que, no mínimo, desconfiar do diagnóstico nesses casos, exigindo uma avaliação complementar para descartar outras doenças.
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von Brevern M, Bertholon P, Brandt T, Fife T, Imai T, Nuti D, Newman-Toker D. Benign paroxysmal positional vertigo: Diagnostic criteria. J Vestib Res. 2015;25(3-4):105-17.