TONTURA POSTURAL PERCEPTUAL PERSISTENTE (TPPP)

A relação entre as emoções e tontura é há muito tempo conhecida, mas ainda hoje pouco compreendida. Ao longo dos anos existiram diversas entidades que tentaram explicar essa relação como, por exemplo, a Vertigem Postural Fóbica e a Tontura Subjetiva Crônica. No entanto, foi apenas em 2017 que surgiu uma nova entidade, chamada de Tontura Postural Perceptual Persistente (TPPP)1 que tentou contemplar as características dessas outras entidades em apenas uma só.

 

A TPPP é definida como a sensação crônica de tontura e /ou instabilidade de, pelo menos, três meses ou mais em que o paciente se sente pior diante de estímulos visuais, na postura em pé e com os movimentos da cabeça. Costuma ter um fator precipitante que pode ser um transtorno psiquiátrico, uma condição médica geral ou até mesmo um outro distúrbio do labirinto (sim, há pessoas que podem ter mais de um distúrbio de labirinto). O diagnóstico é clínico e não depende de nenhum exame complementar1, apesar de que esses podem ser importantes para descartar outras possibilidades diagnósticas.

 

A TPPP hoje é considerada um distúrbio funcional do labirinto, ou seja, é uma alteração apenas do funcionamento do labirinto e de suas conexões com o sistema nervoso central, sem que uma lesão propriamente dita seja possível de ser identificada. Em outras palavras, ocorre por um provável desequilíbrio de alguns neurotransmissores nas regiões cerebrais conectadas ao labirinto. É um diagnóstico considerado relativamente frequente em centros especializados de otoneurologia, mas infelizmente é algo ainda pouco conhecido da maioria dos médicos.

 

Apesar de que a TPPP apresenta um vínculo muito importante com a questão emocional, sendo muito mais frequente em pessoas ansiosas, não há a necessidade da presença de um distúrbio psiquiátrico para que o diagnóstico seja realizado. Além disso, nem sempre, como já comentado, será causada por alguma questão emocional.

 

O tratamento geralmente consiste em medicamentos da classe dos anti-depressivos. Nessa hora é comum que haja uma certa resistência por parte de alguns pacientes pois pode parecer, se não bem explicado, que a intenção do médico seria tratar alguma condição emocional e que essa poderia ser a verdadeira causa da doença (o que muitas vezes não é o que acontece). Porém a classe de medicamentos dos anti-depressivos é bastante versátil, sendo útil em diversas condições pela sua capacidade de regulação dos neurotransmissores, incluindo a TPPP. Também podem ser indicadas a reabilitação do equilíbrio corporal e a terapia cognitiva comportamental como adjuvantes a depender de cada caso.

 

Enfim, a TPPP pode ser uma das explicações mais comuns para aquele paciente que tem tontura contínua há meses ou anos e que “nunca melhora”. Então, é importante que o paciente nessa condição busque ajuda de um especialista no assunto pois é uma condição tratável que costuma ter grande melhora com o tratamento correto.

 

 

1. Staab JP, Eckhardt-Henn A, Horii A, Jacob R, Strupp M et al. Diagnostic criteria for persistent postural-perceptual dizziness (PPPD): Consensus document of the committee for the Classification of Vestibular Disorders of the Bárány Society. J Vestib Res. 2017;27(4):191-208.