Qual a diferença entre tontura, vertigem e desequilíbrio?

Qual a diferença entre tontura, vertigem e desequilíbrio?

Se tem uma coisa que nos deixa confusos é na hora de explicar ao médico como é a sensação de “tontura” que sentimos.

Parece uma pergunta boba, mas tem fundamento. Existem na verdade vários tipos de “tontura”, e definir o tipo de tontura pode ajudar o médico a identificar o problema com o paciente. Apesar de que essa informação é altamente subjetiva e sujeita a erros de interpretação, ainda sim é uma das primeiras perguntas que seu médico costuma perguntar quando a queixa é de tontura.

Segundo o conceito atual definido pelo comitê de Classificação das Doenças Vestibulares da Bárány Society (uma das mais importantes sociedades de otoneurologia do mundo), que foi publicado em 2009, existem vários tipos de sintomas (cada um com sua definição) relacionados aos problemas de labirinto.

A palavra vertigem é definida como uma sensação de “ilusão de movimento”. Ou seja, quando sentimos que nós, ou os objetos em nossa volta, estão se movimentando (quando na verdade não estão!). Essa sensação costuma ser do tipo rotatória, mas nem sempre. Pode ter apenas uma sensação de movimento linear em alguns casos.

Já a palavra tontura tem como definição “uma sensação de orientação espacial alterada”. Em palavras mais simples, é quando sentimos aquela sensação mais inespecífica (e difícil de definir!) como, por exemplo, de uma “cabeça vazia”, “flutuação”, “mareio”, “cabeça pesada”, dentre outros.

A palavra desequilíbrio, pelo menos em termos técnicos, tem sido substituída pelo termo instabilidade, que seria aquela sensação de estar instável enquanto sentado, em pé ou caminhando sem necessariamente ter uma direção específica ou uma tendência a cair. Ou seja, esse é um sintoma mais postural, não necessariamente acompanhado com alguma sensação ruim “na cabeça”.

Há ainda um outro “tipo de tontura” que é a sensação de “quase desmaio” (ou em termos técnicos, sensação de lipotímia), que geralmente vem acompanhada das queixas de escurecimento visual, mal-estar e, eventualmente, perda da consciência.

Quando bem definido o tipo de sintoma do paciente, isso auxilia o médico a determinar a origem dos sintomas (apesar de que para isso serão necessárias muitas outras informações….). Quando estamos diante de uma vertigem, é muitíssimo provável que estejamos de fato com algum problema de labirinto (ou de suas conexões com o cérebro). Quando temos aquela sensação mais inespecífica de tontura, isso tanto pode ser do labirinto como também de outras causas. Já o desequilíbrio, ou instabilidade, também pode ser do labirinto, mas quando desacompanhado de outras queixas (como tontura ou vertigem), sugere que podemos estar diante de alguma alteração não relacionada ao labirinto. E, por fim, na sensação de “quase desmaio”, é praticamente certo que estaremos com alguma alteração cardio-vascular, e não uma alteração de labirinto.

Enfim, para fazer o diagnóstico dos problemas de labirinto, é fundamental o detalhamento da queixa do paciente, e o tipo de tontura é uma informação que pode ser bastante relevante.

Fonte:

Bisdorff A, Von Brevern M, Lempert T, et al. Classification of Vestibular symptoms: Towards an international classification of vestibular disorders.  Journal of Vestibular Reseearch. 2009;19:1-13