18 nov Qual a diferença de ronco e apnéia do sono?
Ronco é aquele ruído respiratório característico gerado durante o sono causado basicamente pela vibração dos tecidos moles da garganta (faringe). Isso acontece pela existência de algum grau de obstrução da passagem de ar na nossa garganta.
Quando essa obstrução passa a ser mais significativa, podemos ter o que chamamos de apneia obstrutiva do sono. A palavra apneia vem do grego “vontade de respirar”. Essa palavra faz jus à essa situação, já que essa obstrução pode causar uma diminuição considerável da quantidade oxigênio que chega até os nossos pulmões. Se esses episódios de apneia passarem a ser frequentes, o paciente pode apresentar a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), que é quando esses eventos estão associados a outros sintomas além do ronco, como, por exemplo, sonolência diurna, cefaleia matutina, fadiga, irritabilidade, diminuição da libido e alteração cognitivas como diminuição da concentração nas atividades diárias. Além disso, é comum que esses pacientes com a SAOS apresentem outras comorbidades associadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica ou obesidade – apesar desse último ser um grande fator de risco para a SAOS, é importante frisar que essa condição também pode ocorrer em pessoas magras.
Não é possível ter certeza se um paciente tem “apenas ronco” (condição essa conhecida como ronco primário) ou se já há episódios de apneia do sono apenas observando o paciente dormindo. Nesse caso, para fechar o diagnóstico é fundamental uma análise complementar de alguns parâmetros vitais do paciente durante o sono. O exame que é considerado padrão-ouro nesses casos é a polissonografia de noite inteira. Outros exames provavelmente serão solicitados pelo médico a fim de completar a avaliação, tentando determinar as causas e possível agravantes, como um exame laboratorial e um exame de videonasolaringoscopia para avaliar a anatomia do nariz e da garganta.
É importante ressaltar que roncar à noite não prejudica apenas o sono de quem dorme perto. Roncar faz mal à saúde – em especial se já se tratar da SAOS – sendo considerado um fator de risco cardiovascular. Ou seja, a pessoa tem mais chances de ter algum problema cardíaco ou derrame cerebral (AVC) se não for tratada. Assim, é fundamental que o paciente que tenha ronco frequente (pelo menos 4 noites por semana) procure de forma precoce a ajuda de um médico otorrinolaringologista (ou médico especialista em medicina do sono) para que esse possa determinar o diagnóstico. O tratamento que será indicado depois disso pode variar muito entre os pacientes, dependendo principalmente da gravidade do caso e da anatomia do nariz e da garganta do paciente (falarei mais sobre o tratamento num post futuro).