O que é Paralisia de Bell?

O que é Paralisia de Bell?

De repente notar que metade do seu rosto está paralisada é realmente assustador e, infelizmente, algo que não é tão raro. Chamamos essa situação de Paralisia Facial (mesmo quando não é total), que é quando ocorre uma alteração da motricidade dos músculos da face.

Há dois tipos de paralisia facial:

A do tipo “central”, que é quando o problema está na região cerebral e frequentemente é um dos primeiros sinais de Acidente Vascular Encefálico (AVE), que é uma condição grave. Nesse caso, porém, acaba sendo afetada apenas a região do 1/3 inferior da face, deixando o paciente apena com a “boca torta”.

Nessa situação recomenda-se procurar um serviço de pronto-atendimento com brevidade diante da possibilidade de um AVE.

O segundo tipo de paralisia facial, e felizmente o mais comum, é a Paralisa Facial “Periférica” que é quando o problema está no próprio nervo que inerva os músculos da face. Nesse caso, habitualmente, os músculos de toda a metade da face (correspondente ao lado do nervo afetado) estão comprometidos. Ou seja, a testa não mexe, os olhos não fecham e a boca fica “torta”.

Esse último tipo costuma ser tratada pelo médico otorrinolaringologista, já que na grande maioria das vezes, a alteração se encontra no longo trajeto que esse nervo percorre dentro do osso temporal (que é o osso que abriga as estruturas da orelha) ou em suas proximidades.

A Paralisia Facial Periférica (PFP) acomete geralmente um lado só, mas raramente pode acometer os dois lados. Pode ter diversas causas como, por exemplo, causas metabólicas, vasculares, neurológicas, assim como traumatismos (como em um acidente de carro ou então após alguns determinados tipos de cirurgias), problemas congênitos, tumores e infecções. No entanto, na maioria das vezes, a causa não é identificada e nessa situação damos o nome de Paralisia de Bell, nomeada assim em homenagem a Charles Bell (1774-1842) que foi um dos primeiros a descrever esse problema no início do século XIX. Acredita-se que a Paralisia de Bell seja causada por uma inflamação do nervo facial por uma reativação viral, em especial do vírus herpes tipo 1.

A boa notícia é que na maioria das vezes, os pacientes acometidos pela Paralisia de Bell melhoram totalmente da queixa, mesmo que não se faça nada, mas isso costuma demorar semanas. No entanto, nem sempre isso ocorre, e há a possibilidade de que o paciente possa ficar com alguma sequela na motricidade dos músculos da face.

Assim, é fundamental que o paciente com PFP seja avaliado, de preferência com um médico otorrinolaringologista, para que esse possa receber o diagnóstico correto (apenas se descartadas outras causas de PFP podemos chamar de Paralisia de Bell) e iniciar o tratamento de forma precoce, o que pode ajudar a diminuir o risco de sequelas. O médico otorrinolaringologista costuma solicitar alguns exames e iniciar com tratamento medicamentoso (corticosteróides e anti-virais), além de colírios e pomadas lubrificantes para o olho, caso não seja possível o fechamento ocular completo no lado acometido. A fisioterapia costuma ser indicada de modo adjuvante ao tratamento, especialmente naqueles casos em que há persistência dos sintomas. Por fim, em raros casos, em que a PFP é muito severa e não apresenta melhora nas primeiras semanas, em especial nos casos pós traumáticos, há a possibilidade de cirurgia para descomprimir o nervo facial.