A Migrânea Vestibular (MV) nada mais é que a doença do labirinto causada pela enxaqueca.
Mas, antes de tudo, vamos a uma explicação. O que é enxaqueca?
Enxaqueca não é meramente a dor de cabeça como pensam a maioria das pessoas. A enxaqueca é uma condição neurológica em que há um estado de hiperexcitabilidade dos circuitos cerebrais e que pode causar, DENTRE OUTRAS COISAS, uma dor de cabeça característica. Mas não é só isso. O paciente com enxaqueca costuma ter mais dores (não só de cabeça), aumento da sensibilidade à luz, sons, odores e também ao movimento. Não é à toa que pessoas com enxaqueca enjoam mais dentro do carro em movimento (a isso se dá o nome de cinetose) e costumam ter mais tonturas e sintomas auditivos como, por exemplo, o zumbido.
A MV é algo extremamente comum na população podendo ocorrer em qualquer idade até mesmo em crianças, sendo mais frequente em mulheres.
Acredita-se que a causa das tonturas do paciente com enxaqueca não seja por um déficit da função dos labirintos. Pelo contrário. É provável que os labirintos e suas conexões com o sistema nervoso central estejam hiperexcitadas (ou seja, o labirinto está funcionando demais, e não de menos!).
O diagnóstico da MV é clínico1 e se baseia nos sintomas que podem ser bastante diversificados. Podem ocorrer tonturas ou vertiges espontâneas ou desencadeados pelo movimento da cabeça (podendo ser confundida com a VPPB) ou por um estímulo visual como uma tela de computador ou um celular (o que pode ser confundido com a TPPP). Além de náuseas, esses sintomas podem vir acompanhados de sintomas auditivos como zumbido e pressão nos ouvidos, o que pode confundir muito com a Doença de Menière. Deu para perceber que a Migrânea Vestibular pode muto bem “imitar” diversos outros problemas de labirinto!
O tratamento consiste primeiramente em melhora nos hábitos de vida – em especial na alimentação, sono, atividade física e saúde mental – e evitar os possíveis gatilhos de piora. Quando necessário, são utilizados medicamentos que tem como objetivo o controle da enxaqueca, sendo possível utilizar flunarizina, beta-bloqueadores, anti-depressivos e até mesm anti-convulsivantes. A escolha da medicação vai depender dos sintomas e principalmente do perfil do paciente.
Apesar de que a MV poder causar muito prejuízo na qualidade de vida dos pacientes e apesar de ser considerada uma doença crônica, costuma ter bom prognóstico! Ou seja, os pacientes com essa condição, se bem orientados e bem tratados costumam ficar bem e ter uma boa qualidade de vida.
Porém, um paciente com enxaqueca pode ter outras causas para sua tontura. Enxaqueca e problemas de labirinto são muito comuns na população e podem coexistir no mesmo paciente apenas por coincidência. Portanto é necessário que o paciente seja avaliado por um médico capaz de fazer a diferenciação entre os diversos problemas de labirinto.
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Lempert T, Olesen J, Furman J, Waterston J, Seemungal B, Bisdorff A et al. Vestibular Migraine: Diagnostic Criteria. J Vestib Res. 2012;22(4):167-72.