Há situações que podem ser tratadas com injeção de medicamentos diretamente dentro do tímpano. Existem hoje, basicamente, duas indicações para esse procedimento que são a Surdez Súbita (SS) e a Doença de Menière (DM).
A SS é quando há uma perda súbita da audição (no máximo ao longo de 72 horas) de característica neurossensorial (ou seja, uma perda de origem mais interna, sem alteração aparente no exame do ouvido como cerume ou infecções). Pode ter inúmeras causas, necessitando de uma investigação complementar, porém, na maioria das vezes, essa não é identificada. A SS é algo que não é raro e tem um prognóstico muito variado, ou seja, pode tanto ter recuperação completa como deixar sequelas auditivas importantes.
O que se sabe é que quanto antes for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, mais chances o paciente tem de recuperar da audição perdida.
A única medicação com evidência científica de que pode ajudar no tratamento da surdez súbita são os corticoides. A injeção de corticoide intratimpânico pode ser feita em paralelo ao uso do corticoide por via oral para aumentar a dosagem próximo ao local afetado. Porém, as indicações mais comuns de corticoide intratimpânico são como resgate nos casos que não responderam tratamento inicial e também nos pacientes que por algum motivo não podem ou não toleram o uso do corticoide por via oral. Esse tratamento pode ser muito efetivo em alguns casos, obtendo respostas melhores nas primeiras semanas após o início dos sintomas.
A segunda indicação de aplicação de medicamentos intratimpânicos são na DM, que já foi comentada em outra seção aqui no site. Nesses casos, costuma ser a primeira opção de tratamento nos casos refratários ao tratamento medicamentoso. Existem duas opções de medicamentos na DM que são o corticoide e a gentamicina. A escolha de uma dessas medicações vai depender da avaliação médica em cada caso.
A aplicação costuma ser um procedimento simples, realizado em consultório médico. Após a realização de anestesia local, o paciente fica deitado em uma maca com a cabeça virada para o lado oposto ao ouvido que será feito o procedimento. A aplicação em si não costuma causar nenhum sintoma significativo a não ser dor local leve e, a depender da medicação, pode causar tontura (geralmente leve ou inexistente com o corticoide e mais evidente com a gentamicina). Após a aplicação o paciente costuma ficar deitado sem poder engolir (o ato de engolir pode ajudar a perder a medicação que foi aplicada dentro do tímpano antes que ela seja absorvida no labirinto) por aproximadamente meia hora.
Existem possíveis problemas com as aplicações como uma piora da perda auditiva (no caso da gentamicina) e de uma perfuração timpânica residual, mas esses eventos costumam ser bastante incomuns.
A aplicação costuma ser repetida semanalmente (há casos que podem ser feitas aplicações mais ou menos frequentes) e o número total vai depender de cada caso, sendo realizadas geralmente pelo menos três aplicações.
Enfim, a injeção intratimpânica é um tratamento simples e de baixo risco que, se bem indicada, pode ser bastante efetiva, tanto na melhora auditiva da SS como no controle das vertigens da DM.